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Viajando pelo deserto, por TADANY

 

Após a tão discutida e controversa virada do Milênio, viajei para a Jordânia. Um país que me conquistou à primeira vista, primeiro porque quebrou muitos dos pré-formatados conceitos que havia escutado sobre o Oriente Médio, pois as pessoas nas ruas caminhavam alegremente, as mulheres trabalhavam, usavam calças jeans e frequentavam os bares e restaurantes somente com outras amigas, mas acima de tudo, as pessoas eram genuinamente gentis.

Após alguns dias na capital, Amman, desfrutando da magia de antigas ruínas, deliciando nos cafés com seus excêntricos doces e ter visto os magníficos pilares do templo romano de Hércules, filho de Júpiter, embarquei numa viagem até Aqaba, que fica às margens do Rio Vermelho.

Todo o trajeto de largas e ótimas estradas cruza o deserto cuja paisagem é em parte fascinante pela beleza dos morros de pedras basálticas ou pedras de calcário, admiráveis obras maestras naturais e, a outra parte que é o deserto de areia, um presságio de um aparente vazio e uma inconsolável mesmice que abrem as portas da imaginação.

No caminho, avistei pela primeira vez na vida um grupo de Beduínos que, caminhando, pastoreavam algumas cabras.

Parei para conversar com aquele exótico grupo que, em segundos mostrou-se ser contagiantemente receptivo. Caminhei por um longo tempo com eles, apenas observando e, vez que outra, ouvindo algumas histórias que um deles me contava sobre sua vida até que, notando que era chegado a hora de seguir viagem, disse-lhes que havia escutado que os casamentos deles eram arranjados pelos pais ou pelo chefe da tribo e, consequentemente, perguntei se era verdade e qual era a opinião deles sobre este assunto. Um jovem que estava no grupo, me olhou com um sorriso gentil, confirmou que sim num simples movimento de cabeça e, depois, respondeu num tom interrogativo: Quem melhor que os mais velhos e experientes para saber o que, e quem, é melhor para nós?.

Naquele instante, revelou-se o poder das tradições, dos costumes e das distintas regras sociais que povoam o nosso fantástico planeta. Uma distinta visão de algo incomum para a minha realidade.

Finalmente, antes de partir, sentamos entre as rochas e tomamos um café com gengibre e umas folhas verdes que nunca as tinha visto, mas que no conjunto daquele hospitaleiro encontro, tinham sabor de fraternidade, de inusitadas experiências e de distinguíveis visões de mundo. (Tadany – 19 12 06)

Versão Áudio – Clique no Link para Escutar

 

TADANY CARGNIN DOS SANTOS

Executivo Internacional. Cidadão Global. Palestrante. Poeta. Escritor. Pensador. Counsellor. Espiritualizado. Alegre. Curioso. Dinâmico. Profundo. Agradecido. Aventureiro. Tadany é formado em Administração de Empresas pela UFSM. Já trabalhou em muitos países ao redor do mundo e, atualmente, é Gerente de Globalização na IBM Índia. Ademais, por 3 anos, ele também estudou Advaita Vedanta num monastério nos Himalayas (Índia) com o Swamy Dayananda Sarasvati (www.dayananda.org). 

 

 

PS: Para citar este texto:

Cargnin dos Santos, Tadany. Viajando pelo Deserto. www.tadany.org®