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Entre o Finito e o Infinito: O Discernimento da Verdadeira Espiritualidade.

Na senda espiritual existem muitos confusos que, por sua vez, acabam confundindo outras pessoas. São aqueles que, na tentativa de parecerem iluminados, proclamam que tudo é absoluto e negam a realidade dual do mundo em que vivem. Essa negação, embora possa soar elevada, é, na verdade, fruto de uma inocente, para não dizer ignorante, soberba espiritual. No fundo, o erro está em não compreender que existem duas ordens de realidade, ou seja, a dependente e a independente, a relativa e a absoluta.

A realidade dependente é o mundo que percebemos pelos sentidos, onde o tempo passa, as coisas mudam, os corpos nascem e morrem. Já a realidade independente é o Absoluto, o Ser que não muda, que é eterno e livre de limitações.

O sábio reconhece ambas. Vive plenamente no mundo relativo, cuidando de sua vida, de sua família, de suas responsabilidades, mas sem perder a visão do imutável que habita em tudo.

Negar a existência da realidade relativa é o mesmo que dizer a uma pessoa que deseja construir sua casa que isso é desnecessário porque o universo é vasto e tudo é Um. Embora a afirmação sobre a unidade da existência seja verdadeira, ela não elimina a necessidade prática de ter um lar, um abrigo, um espaço de pertencimento. Da mesma forma, o buscador espiritual deve entender que o conhecimento dos fatos cotidianos e das leis que regem o mundo é tão importante quanto o conhecimento da verdade eterna de sua essência.

A espiritualidade não é uma fuga da realidade, mas um entendimento lúcido de suas camadas. O discernimento, viveka, é o que permite distinguir o que é transitório do que é eterno, sem negar nenhum dos dois. A maturidade espiritual nasce exatamente dessa integração: viver plenamente no mundo, sem ser do mundo.

Portanto, é preciso estar atento aos falsos paradoxos e aos discursos que tentam esconder a confusão sob palavras grandiosas. A verdadeira sabedoria não rejeita o mundo, ela o compreende em sua totalidade, reconhecendo que tanto o finito quanto o infinito são expressões do mesmo Ser.

Acharya Tadany.

Reflexão Matutina.

Pune, 10 de agosto de 2011.

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