No tédio horripilante da realidade
Encontro razões para a rebeldia
Dos pecaminosos pulpitos da mediocridade
Consegui desde há muito minha divina alforria
Nos corações que machucam por vaidade
Encontram-se dores aflitivas, descortês ironia
Das garras agourentas da licenciosa sociedade
Desvencilhei-me com encantadora alegria
Num mundo que parece recompensar a falsidade
Me encanto com a verdade e suas libertadoras alegorias
Nos calabouços cruéis da fugacidade
Me preenche o universo e sua eterna melodia
Na tristeza peçonhenta da crueldade
Descubro avalanches de rancorosa covardia
Nos insípidos e vazios momentos da normalidade
Acho que a vida inexiste, humana desvalia
No viver sem arte, sem conhecimentos e sem sensibilidade
Morre-se a cada instante, desperdício humano, espiritual sangria
Nestes naturais segundos de inspiradora espontaneidade
Em palavras me desnudo, cativo eterno da poesia.